Assessoria jurídica popular a mulheres de ocupações urbanas

Ao contrário do imaginário social patriarcal, as lutas das ocupações urbanas são sustentadas principalmente não por homens, mas por mulheres negras e pobres. Essas mulheres suportam com seus corpos diversos tipos de violações de direitos e carregam nas costas a resistência cotidiana dos territórios – apesar de inúmeras vezes permanecerem invisíveis, já que os espaços de visibilidade e poder são socialmente reservados aos homens. Diante desse cenário, o Coletivo Margarida Alves mantém o diálogo constante e busca realizar encontros com essas mulheres, que fazem política com afeto, cuidado, força e coletividade.

Encontro com mulheres da Ocupação Rosa Leão (2017)

Apoiado pelo Fundo ELAS, o Coletivo Margarida Alves realizou, em parceria com a coordenação da Rosa Leão (Izidora), as Brigadas Populares e mulheres militantes negras de Belo Horizonte, realizou um encontro para debater gênero, classe, raça, sexualidade e direitos com as mulheres da Rosa Leão. A atividade de formação aconteceu na sede do Coletivo Margarida Alves no dia 11 de junho de 2017 e contou com a participação das coordenadoras e moradoras da ocupação.

Oficina “Precisamos falar dos direitos das mulheres!” na ocupação Dandara (2019)

“Precisamos falar dos direitos das mulheres!”. Foi com esse chamado que o Coletivo Margarida Alves e o coletivo Aura da Luta convidaram as mulheres da Ocupação Dandara para duas rodas de conversa realizadas nos dias 8 e 17 de junho na própria comunidade.

Os encontros tiveram como eixo o fortalecimento do coletivo de mulheres, a partir de discussões que desencadeassem ações de proteção coletiva, autocuidado e autoproteção. Foi assim que no primeiro encontro o tema central de discussão foi a violência contra a mulher. Reunidas em roda, as mulheres da Ocupação Dandara participaram de uma dinâmica na qual, a partir de algumas frases com noções pré-concebidas sobre a culpabilidade das mulheres, discutiram a ideia de consentimento e tipos de violência.

Também nesse encontro foi distribuído o material “Vamos conversar? – Cartilha de Enfrentamento da Violência Doméstica e Familiar Contra as Mulheres”, produzido pelo Centro Judiciário da Mulher do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (leia ela aqui na íntegra).

Já na segunda oficina, do dia 17 de junho, a conversa girou em torno dos temas sexualidade e justiça reprodutiva. No momento em que organizações feministas do país inteiro aguardam o julgamento pelo STF da ADPF 442, que pede a descriminalização da interrupção voluntária da gravidez até doze semanas, o debate sobre autonomia do corpo das mulheres foi imprescindível na ocupação. A partir de diversos relatos trazidos pelas mulheres pudemos debater melhor o assunto e procurar, juntas, formas possíveis de superar ou se proteger essas violências.