Para debater a relação entre justiça reprodutiva e reparação justa e integral, a série “Nossos corpos-territórios”  apresenta um podcast, com participação das advogadas populares do Coletivo Margarida Alves, Clara Moreira e Larissa Vieira, e da defensora pública do Estado de Minas Gerais, Ana Cláudia Alexandre. As convidadas falaram sobre o tema da reparação integral, justiça reprodutiva e também do papel da advocacia popular e do sistema de justiça no contexto dos crimes.

Larissa Vieira relembra a noção de justiça reprodutiva e, considerando os danos sofridos no contexto de grandes empreendimentos, destaca a situação de injustiça reprodutiva que as mulheres atingidas vivem já que o território minerado não é um ambiente seguro, que impede as mulheres de viver num ambiente saudável e mesmo de exercer o direito de decidir sobre seu futuro reprodutivo. Essa dimensão precisa ser considerada no debate da reparação integral.

Já Ana Cláudia aponta desafios da reparação no contexto dos grandes empreendimentos, sendo um deles a dimensão de que a situação anterior ao dano e/ou ao crime quase nunca é possível de se recompor. Comenta ainda, que, apesar do princípio da reparação integral estar positivado no direito brasileiro ainda é pouco considerada a dimensão de reparação pelas perdas existenciais e os traumas que as pessoas carregam ao longo da vida, ao ser vítima de um rompimento de barragem por exemplo.

Quanto aos desafios para atuação de advogadas e advogados populares e do sistema de justiça, as convidadas apontam a importância: 1) De seguir nos organizando para enfrentar os retrocessos; 2)Aprofundar a alinhamento e a conexão com a luta dos movimentos popular a frente das resistências; 3) Reivindicar a efetiva aplicação dos princípios da precaução e da prevenção para que possamos conseguir dimensionar o real impacto e potenciais danos que o empreendimento possa causar.