Com o risco já anunciado de rompimento da barragem Sul Superior da Vale, a comunidade de Barão de Cocais vive agora há 90 dias apavorada e em cenário de cidade sitiada. As placas de rota de fuga e o meio-fio laranja indicam para onde correr quando o mar de lama invadir o município, como uma lembrança constante de que as mortes e a destruição ocorridos em Brumadinho e Mariana, até hoje sem a devida punição, podem acontecer ali a qualquer momento.
Desde o início da semana, os moradores já estão sem Correios. Agora, os bancos resolveram também fechar as portas. A população não consegue mais realizar tarefas básicas do dia a dia, como receber valores ou pagar contas. O comércio também despencou, pois muitas pessoas precisam ir até a cidade vizinha de Santa Bárbara para realizar tarefas rotineiras e por lá acabam fazendo suas compras.
Os casos de depressão, estresse e tentativas de suicídio aumentaram no município. De acordo com o prefeito de Barão de Cocais, Décio Geraldo, em entrevista ao jornal O Tempo, a cidade já registrou 6.000 atendimentos a mais no setor de saúde, nos últimos três meses, em relação ao mesmo período do ano passado. Grande parte desses atendimentos são relacionados a hipertensão e problemas psicológicos.
Enquanto isso, desde que anunciou o risco de rompimento em fevereiro deste ano, a Vale não tem fornecido informações corretas ou precisas à população. O descaso da empresa só aumenta o medo de que um mar de lama inunde a cidade sem que as pessoas consigam sair de lá. E de que Barão de Cocais se torne mais uma comunidade apagada pelo rastro de crimes da mineração em nosso estado.