CMA e parceiras debatem violência obstétrica no abortamento com profissionais da saúde

Oficina realizada pelo Grupo Curumim, Rede Feminista de Saúde e Coletivo Margarida Alves fez parte da programação do II Congresso Internacional A Saúde das Mulheres e as Mulheres do Setor Saúde / Foto: Cida Potiguara
Entre os dias 22 e 24 de novembro aconteceu, em Brasília, o II Congresso Internacional A Saúde das Mulheres e as Mulheres do Setor Saúde. Com o tema “Justiça Reprodutiva e Atenção Primária à Saúde: uma chamada para a ação!”, o Congresso reuniu mais de duzentas pessoas dentre profissionais de diversas áreas da saúde, educadoras e ativistas para debater o papel da atenção primária na garantia de acesso a direitos sexuais e reprodutivos para mulheres e outras pessoas que gestam no Brasil.
 

Como parte das atividades de uma articulação nacional em prol da autonomia reprodutiva, o Grupo Curumim, a Rede Feminista de Saúde e o Coletivo Margarida Alves ofereceram uma oficina sobre Violência Obstétrica no Abortamento, com o objetivo de refletir com as participantes sobre o papel da Atenção Primária em Saúde (APS) no seu enfrentamento.

A partir do conhecimento acumulado  sobre a temática e expresso na cartilha produzida em parceria pelo Curumim e pelo CMA (clique na imagem para acessar), o grupo discutiu a invisibilidade da violência obstétrica no abortamento e a necessidade de não apenas se reconhecer sua magnitude e prevalência, mas também o papel de profissionais de saúde no seu enfrentamento. 

A oficina foi desenvolvida a partir de estudos de caso, que permitiram problematizar algumas das principais barreiras e violações que levam a formas de violência obstétrica, tais como a falta de comunicação e informação, o descumprimento da lei, a falta de aconselhamento, a ausência de serviços de planejamento familiar,  a falta e acolhimento, a discriminação e os maus-tratos, dentre outras.

A partir de uma metodologia ativa, as participantes produziram um mapa de soluções para os problemas diagnosticados, dentre as quais foram ressaltadas o aumento da cobertura da APS e o fortalecimento de seus quadros, o desenvolvimento de ações intersetoriais, envolvendo a APS e as escolas, a capacitação profissional em acolhimento humanizado ao abortamento e pós-aborto, o fortalecimento do trabalho de agentes comunitárias de saúde, como as parteiras tradicionais, a disseminação de informação em saúde sexual e reprodutiva e em direitos humanos e ações estruturais na sociedade que levem à desconstrução da cultura patriarcal.

Participantes da oficina relataram experiências e dificuldades para garantia da justiça reprodutiva nos casos de violência obstétrica e abortamento / Foto: Leina Peres
A oficina foi um momento de troca de experiências e aprendizados. E permitiu-nos observar que, embora ainda tenhamos um longo caminho a percorrer no acolhimento digno e humanizado das pessoas que abortam no Brasil, já começamos a trilhá-lo, tendo, ao nosso lado, as profissionais de saúde da família. Com essa sinergia entre as organizações feministas e o setor da saúde ganham as mulheres, as pessoas que gestam e a pauta da justiça reprodutiva no Brasil!