Em defesa do Rio São Francisco

Pôr-do-sol às margens do Rio São Francisco, no município de Pirapora, Minas Gerais. Foto: Junio César Rodrigues Campo

Atuando em conjunto com diversas comunidades tradicionais, com movimentos sociais e com entidades que atuam na defesa do Alto e Médio Rio São Francisco, no Norte de Minas Gerais, o Coletivo Margarida Alves tem estabelecido ao longo de sua história diversas atuações em defesa dos direitos dessas populações ribeirinhas e de seus territórios.

Com a necessidade cada vez mais urgente em defender o Velho Chico, especialmente após o Decreto 10.030, de maio de 2020, que qualificou o empreendimento da UHE Formoso para o Programa de Parcerias e Investimentos da Presidência da República em plena pandemia, as ações em defesa do Rio se intensificaram.

A Usina Hidrelétrica de Formoso, beneficiada pelo decreto, passou a ser considerada como um projeto prioritário do governo federal, e é um projeto de morte que prevê um impacto interestadual com danos irreversíveis à população e ao meio ambiente. Esse empreendimento pretende alagar uma área de 35 mil hectares, com mais de 150 comunidades submersas em Minas Gerais.

Embora o processo esteja na fase de estudos, é nítido que a forma de atuação dos grandes empreendimentos pouco mudou após os desastres-crimes no Rio Paraopeba e no Rio Doce. O processo da UHE Formoso é insustentável no que se refere a captação de água do Rio São Francisco, e pretende atingir só em Minas Gerais as cidades de Buritizeiro, Pirapora, Lassance, Várzea da Palma, São Gonçalo do Abaeté e Três Marias, visando ao lucro da empresa mesmo que isso custe a morte do Rio São Francisco.

Nesse contexto, as comunidades atingidas, o povo indígena Tuxá do Território Setsor Bragagá, artistas e ativistas em defesa do Rio São Francisco, o Movimento dos Pescadores e das Pescadoras Artesanais (MPP), o MAB, o Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP), o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e o Coletivo Margarida Alves somam esforços para construir o Coletivo Velho Chico Vive, entidade criada para defender o nosso Rio São Francisco, que atua em equilíbrio com o meio ambiente, respeitando os modos tradicionais e originários de vida à beira do rio, em defesa dos direitos dos povos e das comunidades que já estão sendo atingidas e violentadas pela saga dos agrotóxicos e pelo projeto de Formoso. Entendemos que defender o Rio São Francisco é defender a existência da população brasileira.