17 de maio é todos os dias

Na sexta-feira, 17 de maio, movimentos e pessoas do mundo inteiro lembraram o Dia Internacional de Combate à Homofobia. Uma data para não nos deixar esquecer que o machismo e a obsessão em controlar a vida sexual das pessoas levou à prática de atrocidades contra pessoas homossexuais, homens, mulheres e pessoas não binárias.

A ciência e a medicina ocidentais – violentas, patriarcais, racistas e sob influências religiosas – patologizaram as sexualidades e identidades que rejeitassem os estereótipos do feminino e masculino. Portanto, só era aceitável socialmente e na maioria dos meios familiares aquilo que estivesse de acordo com a ideia de que “menina veste rosa, menino veste azul”.

Durante séculos, homens, mulheres e pessoas não-binárias foram encarceradas em sanatórios, como o de Barbacena, aqui em Minas Gerais, sendo expostas a agressões, torturas físicas e psicológicas como choques-elétricos, estupros, castrações químicas, trabalhos forçados e pena de morte. Nesse contexto, a lobotomia – intervenção cirúrgica criada pelo neurocirugião português Egas Moniz e que consistia na retirada de uma parte do cérebro para “curar” comportamentos – foi usada como prática para “curar a homossexualidade”. Note-se que Egas Moniz foi premiado com o Nobel da Medicina em 1949, legitimando essa brutalidade contra pessoas homossexuais e mulheres “ninfomaníacas”, que por meio de sua invenção se tornaram corpos sob controle, em estado vegetativo ou mesmo mortos.

Foi apenas em 1990, no dia 17 de maio, que a homossexualidade foi retirada da lista de doenças da Organização Mundial de Saúde (OMS), deixando de ser oficialmente tratada no campo da medicina como um desvio comportamental, um transtorno ou doença.

Denominado de Dia Internacional de Combate à Homofobia, o 17 de Maio é, até hoje, uma data de luta por dignidade e resistência em todo o mundo e que ganha cada vez mais expressividade no Brasil, tendo em conta os elevados índices de violência com base na orientação sexual. De acordo com o relatório da Comissão Inter-Americana de Direitos Humanos, o Brasil contabiliza uma morte a cada 16 horas em função da orientação sexual, sendo Minas Gerais um dos estados que mais mata pessoas LGBT e o terceiro que mais mata mulheres lésbicas.

Dia após dia, denunciamos a homofobia e reafirmamos nossas identidades e nossa existência, principalmente no cenário onde ainda se discute uma suposta “cura gay” e onde o Presidente da República diz preferir “um filho morto a um filho gay”. Sabemos o que é sofrer na pele toda essa violência, mas sabemos também como resistir e vencer e é por isso que seguimos firmes reafirmando nossa existência e o nosso amor.

17 de Maio é todos os dias.